Acordei com o sol entrando no quarto. Bati na cama ao me lado e novamente não o encontrei. Já devia estar acostumada, mas era fato que não conseguia me acostumar com isso. E como toda a manhã, deixei lagrimas caírem. Foi então que lembrei que dia era. Levantei depressa, me sentando e o choro se intensificou. Depois de alguns minutos me dirigi até o chuveiro e me arrumei de qualquer jeito. Desci as escadas e mais lembranças vieram a tona. Momentos felizes, que se foram. Sai, deixando a casa para trás e sem comer, em direção aquele lugar. Sentia saudades de lá, mas sem ele não fazia mais sentido. Peguei o carro e dirigi sem destino, mas foi parar lá. Estacionei o carro e desci. Um lugar lindo, um planalto alto, em que se via toda a cidade a região. Sentei próximo a bera e ali fiquei por algumas horas, somente olhando aquilo e chorando. Momento, sentimentos, saudades, tudo viam a tona. O dia em que nos conhecemos trombando na rua, o nosso primeiro beijo, nossa primeira noite. Cada dia que o vi fazendo o que gostava, e cada sorriso dele. Cada gesto, cada mania que o tornava tão especial e amável. Suas idiotices e brincadeiras, seus momentos de concentração, de até sua respiração enquanto dormia. Quantas vezes num fiquei acordada vendo - o dormir? Nossa, direto. Ele era tão lindo dormindo, tal angelical que até chegava a imaginar com o que ele estaria sonhando quando sorria. Era impressionante como era feliz ao seu lado. Até tudo acabar, a exatos 365 dias. Fiquei por um tempo ali olhando a paisagem. O seu estava azul, o sol brilhava e batia no meu rosto. O vento estava fraco e batia levemente no meu rosto. Fiquei sozinha ali com meus pensamentos, até ouvir um carro parar atrás de mim. Não posso deixar de confessar que queria que fosse o Luan, mas isso era impossível. Nem me dei ao trabalho de olhar quem era.
- Eu posso me sentar com você? - Perguntou e sem eu precisar virar sabia quem era.
- Fica a vontade.
Leonardo, amigo de Lu, havia se tornado um grande amigo desde que perdi Luan. Ele sentou e me abraçou de lado, com um braço só.
- Eu sabia que te encontraria aqui.
- Como?
- Esse era o lugar preferido de vocês, já esqueceu?
- Nunca. Sabe, poderíamos sair de casa com outro destino, mas sempre acabávamos vindo parar aqui.
Ao lembrar disso uma tristeza imensa me invadiu e meu choro se intensificou. Estiquei minha mão esquerda para frente e fiquei passando meus dedos direitos sobre minha aliança. A aliança que nunca tinha tirado do dedo e nunca tiraria.
- É Beatrice, já faz um ano.
Um silencio se instalou e agradeci por Leonardo respeitar isso. Era bom ter - lo por perto.
- Como se sente? - Ele disse depois de um longo tempo.
- Não, não sei na verdade. Sinto saudades. Por que veio?
- Todos sentimos. Por que Camila, sua amiga, quase me deixou louco no telefone. Você não atendeu as ligações dela pela manhã, e ela quase pegou um avião do Rio pra cá. Ah, Dona Marizete queria te ver hoje, me pediu para avisar.
- Se tiver com cabeça passou lá para ve - la. Camila é exagerada. Só queria ficar sozinha hoje.
- Eu disse para ela te deixar em paz, mas ai me lembrei que tenho uma coisa importante pra tratar com você hoje.
- Deixa pra outro dia, hoje não. Não to com cabeça.
- Eu prometi à ele.
- O que é?
- Primeiro preciso que me responda uma coisa.
- Diga.
- Você superou a perda dele?
- Não.
- Era isso que precisava ouvir, ou não...
- Muda algo?
- Muda, tudo. Se você tivesse superado, não cumpriria minha promessa.
- Promessa ao Luan?
- Sim. Beatrice, uma dia antes daquele acidente que levou ele, Luan me fez prometer à ele que caso algo o acontecesse, eu cuidaria de você.
- E você está cumprindo Leo, não por obrigação eu espero.
- Claro que não, me sinto bem te cuidando. Não é por causa da promessa Beatrice. Mas aquilo me tocou demais. Ele sentiu que iria embora...
- Como é possivel?
- Não sei. Mas ele me pediu pra entregar algo à você quando fizesse um ano, hoje no caso.
- O que?
Ele levantou e foi até o carro, voltando com uma linda caixa toda decorada na mão.
- Isso. - Ele disse á estendendo pra mim.
- O que é? - Perguntei passando a mão por ela.
- Eu não sei, nunca abri pra ser sincero. - Ele se sentou novamente ao meu lado.
Continuei passando a mão pela caixa até fazer o movimento para abri - la, mas Leo me parou.
- Abra quando estiver sozinha. - Disse e em seguida sorriu pra mim.
- Claro.
Deixei a caixa ao meu lado e Léo voltou a me abraçar.
- Como será que esta sendo para elas?
- Elas?
- As meninas, as fãs.
- Tão ruim quanto para mim, aposto.
- Há muitas que organizaram hoje passeatas e até campanhas contra álcool e o transito.
- Se não fosse aquele idiota bêbado hoje eu teria meu Luan. Muito legal da parte delas, se eu soubesse antes, teria visto se tinha cabeça de ir em algum desses projetos.
Ficamos em silencio e depois me levantei, olhei para Léo que tinha duvida nas expressões.
- O que foi?
- Acho que devemos ir. - Disse pegando a caixa do chão.
- Claro, consegue dirigir?
- Claro, vou com minha moto.
Eu amava moto e desde o acidente de Luan ainda não tinha dirigido um carro.
Flash Back on.
Era fim de tarde, ele tinha saído um pouco e eu preferi ficar em casa, ele insistiu, mas eu estava com um pouco de dor de cabeça e insisti em ficar. Luan disse que queria dirigir um pouco, fazia bem á ele. Incentivei ele á ir e ele saiu, me dando um beijo e dizendo que me amava. Ele saiu e eu fiquei em casa, deitada assistindo TV. Por volta das nove comecei a me preocupar. Ele não voltava e nem atendia o celular. Liguei para sua mãe e ela de nada sabia, mas disse que ele tinha ligado para ela quando saia de casa. Estava na cozinha, e a TV da sala ligada quando ouvi a noticia. No noticiaria dizia que ele tinha sofrido um grave acidente por volta das 20:00 e ele tinha demorado para chamar ajuda pois com o impacto o celular estava fora do alcance de suas mãos e ele estava preso nas ferragens num trecho afastado da cidade. Reconheci o nome do lugar que falaram, ficava próximo a chácara, ele devia estar voltando de lá. O motorista no outro carro, foi encontrado desmaiado e alcoolizado por um homem que passava de carro no local. Luan e o homem tinham sido socorridos e levados a pressa para o hospital. Ele havia batido com a cabeça. Me senti sem chão e cai, ajoelhada chorando. Mas a nota havia acabado e nem uma informação recente sobre meu Luan, meu marido. Coloquei uma roupa o mais rápido que pude, aos prantos e peguei meu carro, dirigia rápido e chorando enquanto ligava pro seu Amarildo e dava qualquer informação dizendo para ele ir ao hospital. Demorei a chegar, não era tão perto e quando cheguei, havia algumas equipe de TV no local. Duas ou três vieram pra cima de mim, mas eu passei sem nem dizer uma palavra. Tentei me informar na recepção e me ninguém sabia me dar informações. Senti uma mão no meu ombro e virei, era Léo. O abracei com força.
- Cade ele? Eu vi pela Tv.
- Eu não sei, ninguém diz nada. - Disse chorando e tremendo.
- Senta aqui, vou tentar conseguir alguma informação. Avisou os pais dele?
- Sim.
Léo se foi naquele hospital e eu fiquei ali sozinha. O desespero que ele devia ter sentido vinha na minha cabeça toda hora. Rezava, baixo. Léo voltou com um medico. Ele chorava um pouco, era amigo de Luan á muito tempo. Levantei depressa e corri até eles.
- Cade meu Luan? Ele esta bem? Cade Léo? - Perguntava para Léo e o medico, eles nada me respondiam.
- Beatrice, se acalma. - Léo me empurrou pro sofá do hospital.
- Não, ele esta bem?
- Be, o Luan sofreu um acidente muito grave, ele bateu com a cabeça e perdeu muito sangue, quando chegou aqui, ele teve uma parada cardíaca. Eles tentaram de tudo...
- Não Léo, não! - Chorava forte, e o abraçava. - Meu Luan não.
Flash Back of.
Afastei meus pensamentos chorando enquanto dirigia de volta para casa. Léo ia logo atras de mim, com minha caixa. Parei num sinaleiro na avenida principal e vi muitas fãs numa passeata com cartazes sobre o transito e álcool na frente do escritório que agora Seu Amarildo comandava, o qual dava suporte e empresariava junto com Anderson alguns cantores, e conseguiam fazer deles nome de sucesso. Muitas meninas choravam. O sinal abri e eu voltei a dirigir em direção a minha casa. Ao chegar no condomínio, entramos e Léo parou em frente, descendo com a caixa na mão.
- Não vai entrar?
- Não, vou pra casa. Você vai ficar bem?
- Vou sim. - Peguei minha caixa na mão. - Obrigado.
- Que isso. Fica bem, e não esquece da mãe dele, faz um esforço e vai lá, ela sente sua falta. De certa forma Be, acho que você faz ela sentir ele mais perto.
- Eu vou lá sim, só me afastei por que é difícil...
- Eu sei. Vou indo, fica bem. - Ele beijou minha testa e saiu, dirigindo para fora.
Parei vendo o carro se afastar, costumava fazer isso com o Luan. Ele ia viajar e eu ficava olhando o carro até ele sumir da minha vista. Léo era especial. Pela primeira vez no dia me deixei sorrir lembrando de Luan. Olhei a caixa na minha mão e curiosa, entrei. Sentei no sofá e abri ela. Tinha algumas coisas coloridas, vermelhas, como plumas, para dar um ar mais bonito e alguns corações cortados perfeitamente. Também algumas estrelas, e atras de cada uma, havia um pensamento, frases famosas de amor, dos meus poetas e escritores preferidos. Procurei em minha mente algum motivo para as estrelas, e realmente encontrei. Ele sabia que eu amava o céu, olhar estrelas, a lua. As vezes ele me acompanhava e passava horas comigo pela madrugada no jardim com um telescópio que ele mesmo me deu, observando aquela maravilha. Eu tinha medo de ficar lá sozinha pela madrugada, então levamos um colchão grande e cobertas, chocolate quente e ficávamos lá. Li algumas e deixei outras de lado, deixando algumas lagrimas caírem. Tinha uma outra caixa, mas em cima, tinha uma carta, num envelope lindo, toda trabalhado. Resolvi pegar primeiro a carta, mas não abri. Segurei ela junto ao meu peito e deixei lagrimas caírem, mas estranhei ao perceber que não eram lagrimas de dor, eram de saudade. Sequei elas e depois abri. Havia quase três folhas escritas, com sua caligrafia estranha, dessa vez bem feita. Depois de algum tempo de convivência, conhecia bem aquela letra. Comecei a ler:
" Olá minha pequena, sinto saudades e você? Sabe, choro ao escrever essa carta, talvez seja uma bobagem, mas é de madrugada e acordei angustiado. Um sonho perturbador, não estava mais ao seu lado. Resolvi deixar esse registro, e um pedido depois de muita reflexão essa semana sobre um certo assunto. Primeiro quero começar dizendo o que você significa para mim. Tudo. Pois é. Uma palavra tão pequena mas com o mundo nela. Sabe, quando te vi naquele dia, tirando fotos, concentrada naquele lindo lugar, eu pensei: " Que gostosa! " (risos). Pois é pequena, pensei isso de você, não que estava errado, mas fui um canalha né? Logo depois vi que aquilo era um equivoco, não somente gostosa, você também era interessante. Fiquei a te olhar por um tempo, só te observando abaixar, virar de lado e mil outros malabarismos tentando o melhor angulo da foto. Resolvi falar com você e entrei na sua frente de surpresa, sentindo um flash na minha cara. Em seguida sua reclamação: " Imbecil, você estragou minha foto! Some da minha frente! " Ri e depois te chamei para um café. Estranho não é? Nunca havia chamado ninguém para 'um cafe' mas saiu. Depois descobri que você amava café. Talvez fosse o destino colocando as palavras na minha boca. Você desfez a cara brava e com um sorriso aceitou. Depois disso nunca mais te larguei. Nosso namoro? Um conto de fadas. Nosso casamento? Inesquecível. Nossa vida a dois então, indescritível! Pode ser, que quando leia essa carta, não vou mais estar ao seu lado. Não quero que se sinta mal, apenas terei cumprido minha missão. Não chore, gosto de te ver sorrir. Eu te amei em vida, e vou te amar incondicionalmente por toda a sua existência. Essa semana estava pensando em nosso planos futuros, depois que acordei a duas semana com esse mesmo sonho de agora a pouco. Queríamos morar um lugarzinho lindo perto de uma praia calma, cheio de coqueiros e quem sabe afastado do centro, onde ninguém busca morar, numa chácara talvez, não sei, são só planos, assim como nosso filho é. Um plano que temos tentado realizar. Você se sente mal, não consegue engravidar, e talvez quando leia essa carta, não possamos mais nem tentar. Eu não estarei mais ao seu lado, mas mesmo assim queria realizar esse sonho seu, e meu também. Estive pensando nisso e arranjei uma solução. Ainda quer realiza aquele nosso sonho antigo? Deixei tudo preparado para isso meu amor, caso eu saísse do seu lado e ainda não tivéssemos uma criança para chamar de nossa. Não quero que faça isso para me agradar, realizar meu sonho, quero que faça por você, pois não estou mais aí, não estou ao seu lado fisicamente, mas sim te olhando daqui de cima. Se ainda quiser ter um filho meu, procure Jorge, nosso advogado, ele vai te orientar, estar com você. A justiça vai tentar impedir, mas deixei tudo certo para Jorge provar que eu queria isso, então não terá problema. Ele te levara numa clinica ao de Londrina mesmo, onde deixei o que eles chamam de "material " guardado, já conversei com eles, esta tudo certo, basta essa ser sua vontade. Bom, e se essa não for sua vontade, não ficarei chateado daqui onde estou te olhando, ficarei orgulhoso da mulher de opinião que tive ao meu lado. Mas se for sua vontade, ficarei orgulhoso da mulher de fibra que tive ao meu lado. Se aceitar, saiba que eu ia amar ter um menininho para lhe ensinar a jogar bola, ou tocar violão, correr com ele pela casa brincando de super herói, quebrando alguma vaso seu ou sujando o chão de lama. Ele teria meus cabelos escuros e seu olho cor de mel. Ou então uma menina, uma princesinha. Deixaria ela me maquiar ou pentear meus cabelos, cuidaria para que ela não se machucasse ou tivesse medo. Se ela pedisse, até lhe acompanharia brincando de casinha. Seria linda igual você, loirinha e com meus olhos talvez. Não seria perfeito tudo isso? Mas não estou aí, já que você esta lendo, pois ao contrario, essa carta nunca chegaria as suas mãos. Todos esses planos, tudo tão lindo, mas e você? Você esta bem Beatrice? Esta vivendo? Pois é isso que quero que faça na minha ausência. Viva pequena, sinta minha falta, não esqueça que te amei cada segunda da minha vida e aonde quer que esteja, estarei te amando ainda, mas não pare sua vida. Ame outras pessoas, cuide de outros homens como cuidou de mim, é difícil dizer isso assim, mas eu não sou egoísta. E eu amo você, como nunca amei de outra forma qualquer outra pessoa. Se cuide, e se decidir ter essa criança, ame ela em dobro, por mim. Mas ame muito, por que eu também estarei amando - as daqui. Tenho certeza que com sua doçura e delicadeza, seria uma excelente mãe, daria tudo para ver isso. E nunca se esqueça, eu te amo incondicionalmente. Do seu ontem, hoje e sempre Luan Rafael. "
Amoooooooooooores, postando. Ai, estou morrendo de medo da reação de vocês, estou desesperada... Falem por favor o que acharam? Tem um motivo pra mim ter feito isso nesse conto, alem de querer inovar claro... E se lerem o próximo, vão saber qual é... Chorei muito escrevendo isso, não consigo nem me imaginar passando por algo do tipo... Bom, o que acham? Ela deve ter essa criança? Bom, opiniões por favor que estou desesperada kkkkkkkk Beijooos e posto amanhã... Depois de 7 comentários...